Diante do fracasso iminente, a WotC tenta mais uma vez chamar seus antigos jogadores de volta

Saudações, guerreiros da Luz.

Como um homem extremamente sábio disse milênios atrás, não é possível servir bem a dois mestres. Como sabedoria é algo que falta terrivelmente nos Bruxos da Costa, aqui estamos uma vez mais.

Como alguns aqui devem saber melhor do que eu, a última convenção PAX Unplugged ocorreu recentemente nos Estados Unidos, e nela, diversas novas informações (e iscas) foram reveladas sobre o futuro de Dungeons & Dragons. Caso desejam saber mais sobre o assunto, há um artigo bem completo, em português, neste PORTAL.

Voltando ao tópico, muito do que foi apresentado na PAX Unplugged foi uma tentativa de chamar de volta a D&D jogadores veteranos. Se nos lembrarmos bem, o mesmo movimento foi usado no início dos trabalhos de One D&D, onde logo depois de divulgar o trabalho abissal e panfletário feito com as raças do jogo, os desenvolvedores tentaram conter a revolta dos verdadeiros jogadores oferecendo os “grupos de classes” de One D&D, remetendo claramente à divisão utilizada no AD&D. Na ocasião, pouco foi falado sobre a nova abordagem das raças do jogo, exceto que os “Ardlings” (criaturas humanoides com traços bestiais inspirados em romances baratos e pervertidos que rondam a internet) não estariam no livro básico de D&D.

Ainda assim, a organização das classes no antigo formato dos grupos foi capaz de atrair a curiosidade de veteranos. O feedback dado por essa geração de jogadores em relação a mecânicas de classes foi surpreendentemente ouvido, e para os incautos, parecia que apesar de toda a panfletagem e desrespeito com o legado do jogo, talvez houvesse uma luz no fim do túnel. Tal esperança, obviamente, se mostrou completamente infundada.

Os Bruxos da Costa nunca mais tocaram no assunto das raças de D&D ou nas descrições execráveis que foram feitas para cada uma delas. Foi dito que meio-elfos e meio-orcs não estariam presentes por serem raças “racistas”, mas a fúria dos jogadores novamente fez com que os bruxos se retratassem. Ainda assim, formos bombardeados no último ano com suplementos vazios, doutrinários e mal escritos. Além disso, tivemos a famigerada “paladina” com snippers e a aventura em que o mestre precisa pedir permissão aos jogadores para fazer com que seus personagens colham os frutos de sua incompetência. Como se não bastasse, vimos também uma lista de palavras proibidas, seguindo de forma bastante clara o caminho adotado por ditaduras de esquerda para tolher a liberdade e controlar o discurso falado e escrito.

Os resultados disso, como mostrado diversas vezes no canal Dungeoncraft, foram catastróficos. A aversão a D&D chegou a níveis superiores àqueles experimentados durante a confusão da OGL. E não importa o quanto a WotC tente utilizar o estilo artístico de anime de baixo orçamento empregado por Critical Role, não há sinal algum de que o público mais jovem no qual os bruxos apostam todas as suas moedas de ouro irá realmente aderir ao modelo de negócios focado no D&D Beyond. Fato interessante nesse sentido é que apesar da última trilogia de Salvatore estar vendendo bem por ainda seguir os moldes clássicos, a nova de Dragonlance, que é claramente panfletária, caiu no esquecimento e hoje pode ser adquirida por menos dinheiro do que os livros antigos.

Uma vez mais, os bruxos foram forçados a enxergar que se desejam levar D&D a algum lugar, eles precisam desesperadamente dos jogadores de verdade. Aqueles que o cultista chefe Kyle Brink literalmente expulsou do jogo. Como todos já imaginavam, o nome One D&D foi abandonado uma vez que estava completamente desgastado, e agora, o que temos é uma “Revisão 2024 da 5ª Edição”. Uma análise simples dos produtos anunciados na PAX Unplugged mostra com clareza que todos os esforços da empresa estão direcionados a tentar chamar de volta seus jogadores mais antigos. Tanto que após anos chamando a história de D&D de racista e retrógrada, agora eles desejam trazer de volta do D&D original como forma de homenagear o jogo e seus criadores, que foram completamente repudiados direta e indiretamente desde a época da pandemia.

E após investir pesado em um estilo de arte medíocre, repleto de personagens andrógenos e cores berrantes, os Bruxos da Costa tentam chamar a atenção dos veteranos retornando ao estilo clássico consagrado por Jeff Easley, Elmore e tantos outros mestres. Reparem que todas as aventuras apresentadas remetem aos anos dourados do AD&D, e o estilo de arte segue o mesmo padrão. A imagem que utilizei nesse pergaminho, por exemplo, é uma clara alusão à bela arte de Jeff Easley, e estará ilustrando um dos arquétipos do guerreiro no novo livro.

Em última instância, o que isso nos mostra? Em minha humilde opinião, mostra que os Bruxos da Costa nos tomam por tolos. Que pensam que ao jogar algumas iscas, nos trarão de volta ao jogo, sem precisar se retratar pelo assassinato do legado do jogo e o constante desrespeito com jogadores e com os grandes mestres que criaram D&D por meio de suas histórias e ilustrações. Mas ainda assim, reforça que todo nosso esforço em criticar e apontar o trabalho hediondo que está sendo feito não tem sido em vão. Pessoalmente, não acredito que a WotC irá voltar atrás e manter D&D como é e sempre deveria ter sido. Por isso, é importante que nós, como verdadeiros jogadores e fãs do legado de Gygax e Arneson, continuemos nos opondo e criticando a gestão atual da WotC, e não consumamos os frutos profanos do trabalho dos Bruxos da Costa. Além de uma questão de dignidade, essa é a única forma de eventualmente conseguir alguma mudança.